quinta-feira, 11 de março de 2010

A MAIOR BRONCA


Tínhamos uma aula de filosofia na escola de medicina.


E logo após a semana da pátria, e como a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado prolongado todos

estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas.

E a excitação era geral, e um velho professor entrou na sala, imediatamente percebeu que iria ter trabalho para

conseguir silêncio.

Com grande dose de paciência tentou começar a aula, mas você acha que a minha turma correspondeu? Que nada!

Com certo constrangimento o professor tornou a pedir silêncio educadamente.

Não adiantou, ignoramos a solicitação e continuamos firmes na conversa.

Foi ai que o professor perdeu a paciência e deu a maior bronca que eu já presenciei.

Você sabe o que ele disse?

Preste atenção, porque eu vou falar isso uma única vez, disse levantando a voz, e o silêncio de culpa se instalaram

em toda sala e o professor continuou.

Desde que comecei a lecionar isso já faz décadas descobri que nós professores trabalhamos apenas cinco por cento

dos alunos de uma turma.

E em todos esses anos observei que de cada cem alunos, apenas cinco são realmente aqueles que fazem alguma

diferença no futuro.

Apenas cinco se tornam profissionais brilhantes, contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade da vida

das pessoas.

Os outros noventa e cinco servem apenas para fazer volume, são medíocres, passam pela vida sem deixar nada de útil.

E o interessante é que esta porcentagem vale para todo o mundo, e se vocês prestaram atenção.

Notarão que de cem professores apenas cinco são aqueles que fazem a diferença.

De cem garçons apenas cinco são excelentes.

De cem motoristas de táxi apenas cinco são verdadeiros profissionais.

E poderia generalizar ainda mais.

Portanto de cem pessoas apenas cinco, cinco, cinco são verdadeiramente especiais.

É uma pena muito grande não termos como separarmos esses cinco por cento do resto.

Pois se isso fosse possível eu deixaria apenas os alunos especiais nesta sala, e colocaria os demais para fora.

Então eu teria o silencio necessário para dar uma boa aula, e dormiria tranqüilo sabendo ter investido nos melhores,

mas infelizmente não há como saber quais de vocês são esses alunos.

Só o tempo é capaz de mostrar isso, portanto terei de me conformar e tentar dar uma aula para os alunos especiais

apesar da confusão que estará sendo feita pelo resto.

Claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo pertencerá.

Obrigado, pela atenção e vamos à aula de hoje.

Nem preciso dizer o silencio que ficou na sala e o nível de atenção que o professor conseguiu após aquele discurso.

Alias à bronca tocou fundo em todos nós, pois minha turma teve um comportamento exemplar em todas as aulas de

educação física estudando fisiologia durante todo semestre.

Afinal quem gostaria de espontaneamente ser classificado como fazendo parte do resto.

Hoje não me lembro de muita coisa das aulas de fisiologia, mas a bronca do professor eu nunca mais esqueci.

Para mim aquele professor foi um dos cinco por cento que fizeram a diferença em minha vida.

De fato eu percebi que ele tinha razão e desde então tenho feito tudo para ficar no grupo dos cinco por cento.

Mas como ele disse não há como saber se estamos indo bem ou não, só o tempo dirá a que grupo pertencemos.

Contudo uma coisa é certa se não tentarmos ser especiais em tudo o que fazemos.

Se não tentarmos fazer tudo o melhor possível seguramente sobraremos na turma do resto.

Eii, eu não quero fazer parte da turma do resto

terça-feira, 9 de março de 2010

A ROSA DE HIROSHIMA


Pensem nas crianças

Mudas telepáticas

Pensem nas meninas

Cegas inexatas

Pensem nas mulheres

Rotas alteradas

Pensem nas feridas

Como rosas cálidas

Mas oh não se esqueçam

Da rosa da rosa

Da rosa de Hiroxima

A rosa hereditária

A rosa radioativa

Estúpida e inválida
A rosa com cirrose

A anti-rosa atômica

Sem cor sem perfume

Sem rosa sem nada.

VINICIUS DE MORAIS

sábado, 6 de março de 2010

amizade

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele !

Vinícius de Moraes