Eu ainda não sei, mas já aprendi que é um processo lento, muito lento e bem doloroso. Consiste basicamente em reinventar a vida e ressignificar os dias. Traçar outra rota e seguir outro rumo. Um dia de cada vez, uma passo após o outro e as pegadas do caminho percorrido anteriormente devem ser apagadas pelo vento, pelo tempo. Viver o tempo, sentir o vento e esperar. Esperar que as cicatrizes se apaguem, mesmo sabendo que isso não pode acontecer. Cicatriz não se apaga, cicatriz se disfarça, se ameniza.
A não ser que você tente tirá-la a pulso, na faca. Cortar da própria carne para tirar algo que te pertence mas não te pertence. A dor é sua, mas de certa forma não é. Confuso isso né? Ter uma dor que até meio minuto não existia. Carregar um peso que não era seu. Viver uma vida que não te pertencia. Esquecer o inesquecível é como não lembrar do momento mais doloroso da sua vida, é como esquecer o momento mais feliz dela também.
Esquecer o inesquecível é insistir na caminhada, é não querer ficar parado. Buscar sonhos e descobrir que eles na verdade eram pesadelos disfarçados de fantasias. É ser machucada pelo espinho da rosa que você mais cultivou e admirou. Esquecer o inesquecível está diretamente relacionado a cativar e cultivar, pois para isso você deve criar laços com as pessoas que lhe fazem bem, que lhe parecem verdadeiras. Desfazer os nós que lhe prendem àquelas que foram significativas na sua vida, mas, infelizmente, por vontade própria, deixaram de ser.
Esquecer o inesquecível é decidir que os seus dias serão todos lindos daqui pra frente e se por acaso você não tiver força para vê-los assim, em algum momento, vá pra um canto bem sossegado e espere os minutos passarem. Você vai observar que o tempo não muda nada, nós quem mudamos tudo, com o consentimento do tempo obviamente. Durma no sossego da certeza de que tudo sempre melhora e que os maus momentos passam rápido, se você quiser que eles passem.
Esquecer o inesquecível talvez seja impossível, mas com certeza passa pela percepção de que temos que saber a diferença entre um laço afetivo e um nó sentimental. Nó aperta, laço enfeita. Simples assim, como lembrar o que a gente só quer esquecer.
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