sexta-feira, 29 de junho de 2012

CRER PARA VER. By Vania Pinheiro Borges


Dois ditados que memorizei essa semana. “Em tempos difíceis em algumas pessoas crescem asas; outras compram muletas.” Há pessoas com uma capacidade de regeneração, com uma fé revolucionária que conseguem transformar a queda em voo. Outras se apoiam em qualquer coisa que aparecer pela frente pra não cair. “A boca fala do que está cheio o coração”. A psicologia trabalha com esse pressuposto. Ouve-se o que a boca fala para se chegar ao que o coração sente. Acontece comigo todos os dias, só que eu não falo. Escrevo, pois acredito que cada texto é uma revelação do coração de quem escreve. E a minha felicidade é saber que falo do coração dos que estão ao meu lado. Então o meu ditado é: “Em tempos difíceis, comprei um caderninho e uma caneta, para escrever do que está cheio o meu coração”.

Ando criando os meus próprios ditados. Ando formulando meus próprios conceitos. Ando vivendo de acordo com os meus próprios princípios. Como disse o sábio Proust: “A verdadeira viagem de descobrimento consiste não em buscar cenários novos mas em ter olhos novos”. Mas ter novos olhos, quando se está acostumado a ver tudo da mesma maneira é algo muito difícil, complicadíssimo eu diria. Digo mais, não gostamos de ver a verdade. De todos os nossos sentidos a visão seja o que utilizamos com menos inteligência, somos acostumados a ver apenas o que nos convém. O resto, ahh, o que os olhos não veem o coração não sente não é mesmo?

Nada disso. Às vezes o coração sente bem mais do que os olhos poderiam enxergar. A gente precisa acreditar para poder ver algumas coisas que estavam na nossa cara. Uma decepção pode extinguir um amor que parecia ser grande (e se parecia é porque realmente não o era). Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. E o que a gente acreditava que fosse um amor de verdade, nem sempre era o que parecia. Nossa visão é traiçoeira.

É difícil conviver com esse dilema de visão. Dilema de sentimentos. Dilema de coração. O que era grande agora nem existe. O que era pequeno se agigantou e nada, absolutamente nada cresceu ou encolheu. Foi o nosso julgamento que mudou, foram nossas expectativas quebradas, nossas frustrações confirmadas, nosso entendimento da realidade que foram modificados por uma única ação, na verdade duas: crer para ver.

Grande pegadinha do destino. A gente nasce, cresce, aprende a andar, a falar. Aprende a ir sozinho pra escola. A prende a fazer as próprias escolhas. Aprende a pagar o preço por elas...ou pelo menos tenta aprender. Depois de mulher feita, estou a prendendo a simplesmente VER. Reconfigurando meus sentidos, escutando mais, enxergando mais, falando menos, escrevendo mais, sentindo mais. Aprendendo que o sentido mais vital para a existência humana é sem dúvida alguma a sensibilidade de ser matéria em transformação.

Enxergar, tentar entender (se possível), e deixar passar. Levar comigo apenas o necessário, o indispensável, o essencial. Levar as coisas que me fazem bem. LEVAR minha vida ou deixar ela me levar para onde queira, nessa viajem existencial que é ter novos olhos. Veja você também, mas veja, enxergue, acredite com os olhos, pois “quando o sol bater na janela do teu quarto (...) lembra e vê que o caminho é um só”....E o caminho é ser feliz!

“Simplicidade é fazer a viagem desta vida com o mínimo de bagagem possível“ (Charles Warner)

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